sábado, 28 de janeiro de 2017

Road Trip Par del Condado


Partimos de Portimão pela A22 a caminho de Huelva. Estava pouco trânsito. Atravessámos o Rio Séqua, a Ribeira de Almargem, o Rio Guadiana. A ladear a estrada, pequenos montes redondos e filas de árvores onde reconhecemos o pinheiro manso.
Os raios de sol passavam através dos vidros e aqueciam-nos.



Por volta do meio-dia chegámos a Bollullos Par del Condado, uma pequena cidade na região de El Condado, a leste de Huelva. Esta região é conhecida por ser a maior produtora de vinhos da Andaluzia, com vinhos de grande qualidade, como o Riodiel, da adega Manuel Sauci Salas e o A. Villarán, da Adega de Pedro Ximénez Villarán.
Assim que chegámos, corremos para o Museu do Vinho. Na verdade, pretendíamos ver a adega cooperativa Privilégio del Condado, mas confundimo-la com o Museu. Aqui fomos recebidos com um convite para uma visita durante a qual Fátima nos falou dos vinhos típicos desta região (como o naranja), o seu modo de produção, os livros e os autores que os referem, o som que o vinho faz ao tocar na madeira, no metal ou no cristal.

Museu do Vinho de Bollullos


No fim da visita descobrimos que a adega ficava ao lado, mas noutro edifício, independente do museu.



Fomos lá,  mas só a loja estava aberta.  Para visitar a adega era necessário uma marcação prévia. Comprámos dois vinhos: um tinto e outro branco. 
Por esta altura ainda havia sol e muita gente nas ruas do centro.  Fizemos um pequeno roteiro que nos levou aos principais pontos de Bollullos:

Torre construída no séc. XIX, com elementos mudéjar, actualmente é a Sede do Conselho Regulador de la Dominación de Origen Condado de Huelva

Avenida Constitución


Capela de N.º Sr. Padre Jesús Nazareno, do séc. XVIII, junta os estilos mudéjar e barroco.


pormenores de habitações do centro de Bollullos


Igreja Paroquial de Santiago Apóstolo. Declarada Monumento Nacional, foi construída entre os séc. XV e XVIII, juntando também elementos mudéjar e barrocos.
Quando se aproximou a hora de almoço, que em Espanha costuma ser a partir das 14h, o céu ficou nublado e arrefeceu.  Voltámos ao carro para buscar os casacos antes de procurar um sítio para almoçar. As ruas estavam praticamente vazias, mas os restaurantes e bares cheios. Almoçámos no Restaurante Bar Oriental, que fica na Av. Constitución e serve bons pratos de comida tradicional e caseira.

pescada a la plancha

Saímos de Bollullos em direcção a Mazagón, uma estância balnear nos arredores de Huelva, onde existe uma grande extensão de dunas. Chegámos ao entardecer, depois de superarmos um caminho de terra batida, muito acidentado, que atravessava um pinhal no Parque Natural de Doñana. O carro deu alguns solavancos, tivemos de abrandar, mas a estrada fluiu quando nos aproximámos do Parador Nacional de Mazagón, onde iríamos passar a noite.


na varanda do quarto do Parador


A 6 km do Parador,  em Mazagón, encontra-se a Playa de las Dunas, onde conseguimos chegar a tempo de ver o pôr-do-sol.




Na praia, vários caminhantes passeavam os seus cães.
Nestas dunas a vegetação é mais verdejante do que nas dunas do sotavento algarvio.




Jantámos em Mazagón, no restaurante La Playa, e depois regressámos ao Parador.

medalhão de atum com batata cozida e molho de castanhas

No dia seguinte, começámos por visitar a praia do Parador.  Percorremos um passadiço que passa pela piscina e atravessa um relvado, até chegar à falésia. 
Para aceder à praia, precisámos de abrir um portão com uma chave que nos deram na recepção e descer umas escadas de madeira até ao areal.
Esta zona, entre Mazagón e Doñana, é a única área de falésia litoral na província de Huelva.





A praia estava praticamente vazia, só três pescadores à beira mar.




Daqui fomos tomar o imenso e delicioso pequeno-almoço no Parador: cereais, yogurte, fruta, pão torrado com mel ou azeite, chá e café.



Atravessámos novamente o Parque Nacional de Doñana, em direcção à antiga taifa de Niebla (um antigo principado muçulmano). Pela janela do carro, conseguimos avistar uma garça e duas cegonhas à beira de um charco.





Depois do pinhal, seguiu-se uma zona de colinas verdejantes que nos acompanhou até Niebla. 
Assim que estacionámos, fomos à procura do Castillo de Los Guzmanes,  situado na Calle Campo Castilho.



Esta fortificação adossada à muralha, construída nos séculos XV e XVI, é constituída por um pátio rodeado por diversas torres que albergam exposições temáticas sobre a idade média. Na barbacã podemos visitar as masmorras,  um conjunto de salas subterrâneas dispostas ao longo de dois andares, com uma exposição que visa chamar a atenção do público para a violação dos direitos humanos.




recriação de aposentos

As torres oferecem uma vista panorâmica sobre a cidade de Niebla e o Rio Tinto.




Sentámo-nos um pouco ao sol e depois percorremos a muralha.






A caminho do restaurante ainda parámos junto da Igreja de San Martín, da qual só resta a cabeceira em estilo mourisco e o alçado principal. A nave desmoronou-se com o terramoto de Lisboa de 1755.





Esta igreja não foi reconstruída, ao contrário de muitos outros edifícios também afectados pelo terramoto.

No restaurante Casa Ramos optámos por algo mais tradicional:
Um prato recheado com finas fatias de presunto (Jamón Ibérico) ; Aliño de Patatas, uma tapa que inclui batata cozida, atum, ovo cozido e pimento; Sopa de Picadillo: pedacinhos de ovo cozido, presunto,  e pão frito a que se junta o caldo onde cozeram os ingredientes e, como sobremesa, uma tarte de queijo.



Quando acabámos de almoçar já tinha começado a entardecer.  A luz ténue e quente do sol acompanhou-nos até à Ponte Romana (dedicada a Minerva) sobre o Rio Tinto.





Mesmo ao lado da ponte situam-se as ruínas de um antigo moinho,  onde ainda se conservam in situ as mós.




Antes de regressar a casa, fizemos um pequeno percurso junto às muralhas de Niebla, onde se distinguem vestígios da  muralha muçulmana, como troços em taipa e portas em arco de ferradura.

Ibn Mahfuz, último rei da taifa de Niebla (Plaza de la Feria)








VÍDEO: