sábado, 19 de agosto de 2017

road trip na campina sevilhana

Num fim-de-semana prolongado,  visitámos a campina de Sevilha,  com uma derivação à porta sul da Sierra Norte: Constantina. Iniciámos um percurso em Carmona,  uma cidade jovem. Tem um centro histórico com ruas estreitas,  casas caiadas e igrejas mudéjares, que se estendem encosta acima até ao Parador de Carmona que ocupa parte do antigo Castelo.


Tomámos o pequeno almoço no Café São Pedro, matámos saudades das saborosas tostadas com azeite e manteiga.


Fronteira à praça,  a porta de Sevilha - com uma fortificação pré-romana a alicerçar as muralhas cartaginesas e romanas - dá acesso ao centro urbano.  É aqui que se situa o posto de turismo,  envolvendo a porta,  ocupando o Alcazar de Abajo com uma exposição sobre a história da cidade.


Perdendo-nos pelas ruas desembocamos na Praça de S. Fernando. Aqui podemos observar uma casa renascentista (antigo ayuntamiento)  e uma casa mudéjar,  albergando o restaurante Goya,  onde almoçámos.




salmorejo; frito variado; ovos mexidos com beringelas  e courgette; lulas grelhadas; arroz doce

Da parte da tarde tentámos visitar o novo ayuntamiento,  um palácio do séc XVIII,  em cujo pátio se encontra um valioso mosaico romano.
Optámos por visitar a Igreja de Sta Maria Maior,  que é antecedida de um pátio que pertencia à antiga mesquita (pátio de los naranjos). O interior da igreja surpreende pela qualidade artística das cantarias e do altar mor, dando-nos por momentos a sensação de estarmos no interior de uma Catedral de uma capital de Província.


Depois de saciar o espírito, deambulámos por entre conventos e casa senhoriais,  até ao Convento de Santa Clara,  onde comprámos as típicas tortas inglesas, que devem o seu nome a um arqueólogo inglês que viveu na cidade.


Seguindo a Calle Fontanilla,  deparamo-nos com as portas de Córdoba em estilo neoclássico, que dão  acesso a um miradouro sobre a campina Sevilhana. 


Daqui dirigimo-nos ao Parador, passando pelas ruínas do antigo Castelo.
O Parador situa-se no antigo Paço de Pedro I,  o Cruel, que tem um agradável pátio com uma fonte, uma sala de estar com uma varanda sobre o jardim e a piscina.



Jantámos no Restaurante Molino de La Romera e passámos a noite no Parador. 

salada de frango e milho; bifes de atum; bolo e gelado


No dia seguinte rumámos cedo para Norte,  na direcção da Sierra Sevilhana.
A primeira paragem foi no centro de visitantes El Robledo,  onde conhecemos as várias espécies endémicas da Serra Morena e em geral do Mediterrâneo. Havia uma secção dedicada às ervas aromáticas que gostámos especialmente. Apesar da grande mistura de cheiros,  era possível identificar as mais emblemáticas,  como a lavanda,  tomilho, orégãos,  menta, etc


Mais à frente,  percorremos um trilho botânico que nos transportou pelos seus vários habitats: desde a cabeceira de um rio imaginário até à sua foz, numa zona lagunar. Descobrimos plantas rupícolas (que sobrevivem nas rochas, em lugares húmidos). A encina,  um ecossistema típico da Serra Morena onde predomina a azinheira - carvalho roble - o alcornocal, dominado pelo sobreiro e, mais à frente,  a laguna com carriçais,  freixos e álamos.




Terminámos a visita e almoçámos em Constantina, a cerca de um km. É a denominada Porta Sul da Sierra Norte. Da última vez que lá estivemos era Inverno e chovia. Desta vez soube-nos muito bem sentir o sol, ainda que timidamente, a espreitar por entre as nuvens.
Almoçámos numa alameda cheia de árvores, escolhemos solomillo ibérico,  pez espada e toucinho del cielo como sobremesa.


Para ajudar a digestão,  fizemos uma caminhada até ao cimo da vila onde ficam as ruínas do Castelo.


É um óptimo miradouro sobre o pueblo e arredores,  um panorama que se estende desde a campina,  até ao observatório astronómico.


De regresso ao carro,  iniciámos viagem por estradas secundárias,  pelo limite sul do parque natural da Sierra Norte até Ecija.


Esta é uma cidade com 38000 habitantes,  situada a poucos kms da fronteira entre as províncias de Sevilha e Córdoba. A cidade tem um ambiente jovem. Ao fim de semana,  os jovens passam o fim de tarde nas esplanadas da alameda da Andaluzia.Os parques estão cheios de crianças a brincar, mas a sala de visitas da cidade é a Plaza de España.



Trata-se de um espaço amplo delimitado pela Igreja de Santa Maria - com um campanário decorado com azulejos azuis em losango - o ayuntamiento em obras, e as igrejas de São Francisco e de Santa Bárbara.
A igreja de Santa Maria alberga um museu de arte sacra, com uma disposição característica do séc XIX (os objectos estão dispostos em depósito sem qualquer preocupação expositiva).
Optámos por jantar no Café Central ,  na Plaza de España.

bife de atum; tortilha de batata; folhado de foie e maçã; torta 

Passámos a noite no hotel Ciudad Del Sol.

No último dia, de manhã cedo, tomámos o pequeno-almoço na cafetaria do hotel. Conhecemos os tradicionais molletes e torta de mantequilla.



O passeio pelas ruas levou-nos até às igrejas de Nossa Senhora da Vitória e de Santiago.





Só esta última estava aberta.  Tinha acabado um batizado, o chão estava ainda coberto de flores e os convidados conversavam à entrada.  O altar-mor é uma mistura entre o gótico e o renascimento e é tido como o segundo mais importante a seguir ao da Catedral.  
Mais à frente,  passeámos por ruas brancas e polvilhadas de palácios, com decoração mudéjar e barroca.



Conseguimos visitar a Igreja de São João,  também em estilo barroco. O que nos chamou a atenção foi o campanário com decoração em vermelho, azul e branco. Subimos ao topo da torre,  de onde se tem uma vista de 360º sobre a cidade e onde podemos observar os outros campanários a emergir no casario branco.


Daqui seguimos para o Museu Municipal, instalado num Palácio do séc XVIII,  da família Benameji. 
Tem um belo pátio interior,  com uma fonte ao centro,  rodeada por laranjeiras e flores de jarro.


A secção principal do Museu centra-se nos achados romanos, sendo as peças principais uma colecção de mosaicos com cenas e figuras mitológicas e uma estátua da Amazona Ferida, que espera serenamente o momento da sua morte.


As outras secções são dedicadas a achados arqueológicos dentro do Concelho de Écija,  desde a Pré História até à Idade Média.


Almoçámos no restaurante do museu:  Las Ninfas Gastrobar

esparregado; folhados de queijo; salada; risotto de cogumelos

Para a sobremesa fizemos uma caminhada em busca dos tradicionais biscoitos,  confeccionados pelas monjas marroquíes. Ainda tivemos algumas dificuldades porque o convento primitivo encontra-se abandonado.  Por fim descobrimos que actualmente são as monjas florentinas que asseguram a continuidade da receita.




Depois de comprados os ansiados biscoitos,  caminhámos até à Praça de Santa Cruz, onde os devorámos.



Entretanto abriu a Igreja de Sta Cruz e fomos visitá-la. Descobrimos peças invulgares,  como um sarcófago paleocristão do séc V, a servir de altar,  e no Museu da Igreja, uma fantástica custódia em prata renascentista de Fernando Alfaro.



sarcófago paleocristão do séc V

De seguida, passámos pelo Palácio de Peña Flor,  com uma invulgar decoração em Trompe-l'oeil na fachada.  Percebemos que a temática eram os sentidos.


Tentámos ainda visitar o recinto do antigo Alcazar, mas encontrava-se fechado para obras. 
Por fim percorremos a Calle Caballeros em direcção ao jardim de São Paulo. 
Este jardim é muito bonito, com canteiros de amores perfeitos e rosas.  
Para terminar a viagem fizemos um percurso de 30 kms pela campina de Sevilha, rumo a Sul até chegar a Osuna.


Aqui estava a decorrer uma feria popular,  com casetas,  comida típica e espectáculos ao vivo. 
Petiscámos e regressámos a casa.