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Anfiteatro de Itálica |
Há uns tempos fizemos uma road Trip pela região da antiga Bética, uma das províncias romanas da Peninsula Ibérica que corresponde, actualmente, a grande parte do territorio da Andaluzia e a uma parcela da Extremadura.
Betis era o nome latino do rio Guadalquivir. Daqui vem o nome desta região. A sua capital era Colonia Patricia Corduba, hoje Córdoba, onde iniciámos a visita aos "escombros" do império.
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vista de Carmona do mirador do Museu do Conjunto Arqueológico |
Chegámos já perto do meio dia. Cansados da viagens de carro, parámos um pouco no Café Ânfora, onde nos deliciámos com um dos pratos típicos desta região: espinafres com grão.
Seguimos para o Conjunto Arqueológico de Carmona, onde começámos por visitar o Museu. Ficámos a saber que este Conjunto Arqueológico integra a necrópole - um conjunto de túmulos pré-romanos e romanos - e o anfiteatro.
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maqueta do Conjunto Arqueológico de Carmona |
Localizada no cimo de um planalto, no vale fértil do rio Guadalquivir, Carmona cedo beneficiou da sua posição estratégica, garantindo assim uma boa defesa de ataques inimigos, bem como uma abundante produção agrícola. Também era atravessada pela Via Augusta, tornando-se uma das principais cidades da Hispania (Península Ibérica). É num contexto de crescimento urbano, durante a época imperial (séc.I e II d.C.), que se constroem esta necrópole e o anfiteatro.
Subimos ao terraço do Museu, de onde se tem uma belíssima vista sobre a cidade de Carmona, a campina e o Anfiteatro.
Continuámos, dirigindo-nos para a área da necrópole, onde pudemos observar de perto os diferentes tipos de monumentos funerários e as misteriosas tumbas de Servilia e do Elefante.
Os túmulos tartéssios (Tartessos resulta da fusão dos povos que vêm do oriente, sobretudo fenícios, com os indígenas) do séc. VII a. C, são escavados no terreno e depois cobertos com terra.
Os primeiros enterramentos romanos, do séc II a. C., são tumbas de inumação em que o cadáver era colocado flexionado e com a cabeça orientada a Este.
Já as tumbas do início do período imperial, são escavadas na rocha e têm carácter colectivo. É utilizada a incineração.
A Tumba del Elefante, monumento funerário do séc. I d. C., tem este nome por ter sido encontrada no seu interior uma escultura em pedra com a forma de um elefante.
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escultura encontrada na Tumba del Elefante, que agora se encontra no Museu do Conjunto Arqueológico |
Pensa-se que a escultura está relacionada com rituais religiosos orientais. Também foram encontradas representações de Cibele (deusa da fertilidade, proveniente da Frígia) e Attis (amante de Cibele), pelo que foi considerado santuário de culto a estas divindades. Há ainda um estudo que defende que a Tumba del Elefante, apesar do uso funerário, foi inicialmente construído para ser um templo dedicado ao deus Mitra (designado mitreu), deus persa da Luz, identificado com o Sol.
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Tumba del Elefante |
A Tumba de Servilia, também do séc. I d. C., de influência helenística, é a mais monumental. Lá dentro encontrava-se a escultura de Servilia, uma jovem enterrada nesta tumba e membro de uma família importante. Esta tumba foi dedicada a Servilia pela sua mãe, Polia.
Também é possível observar vestígios de pinturas murais, onde se distingue uma figura humana e uma balança.
O anfiteatro, do séc. I a. C., que observámos apenas do mirador do museu, foi parcialmente escavado na rocha, aproveitando a inclinação natural do terreno. Obedece ao esquema clássico de estrutura para realização de espectáculos de gladiadores. Na zona do anfiteatro foram encontradas tumbas de incineração e inumação, pelo que se pensa que também terá sido usada como necrópole.
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Anfiteatro |
Terminámos a visita e, já cheios de fome, atravessámos o calor andaluz em direcção ao centro da cidade. Como é habitual à hora de almoço, as ruas ficam vazias e as esplanadas dos restaurantes enchem-se de gente. Caminhámos até à Plaza de San Fernado e, depois de uma rápida "mirada" pelas várias hipóteses, acabámos por escolher o Bar Goya, que já conhecíamos.
A maior parte dos pratos andaluzes têm origem árabe. Um bom exemplo é a alboronía, um prato de vegetais, cuja base são as beringelas e a abóbora. Depois do descobrimento da América foram-se adicionando outros ingredientes, como o tomate e o pimento.
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alboronía |
tocino de cielo |
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azeitonas "gordales" |
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salada de queijo de cabra caramelizado e frutos secos |
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salada com molho cocktail |
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tarte de café |
No segundo dia, depois de tomarmos o pequeno-almoço na cafetaria do hotel - tostadas y café con leche - fomos andando para o recinto das ruínas que é muito maior do que o do Núcleo Arqueológico de Carmona.
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Anfiteatro de Itálica |
Antes de começarmos a visita às ruínas propriamente ditas passeámos à beira de um lago.
Itálica é também uma antiga e importante cidade da Hispânia, que se situava junto do Rio Guadalquivir, perto da actual cidade de Sevilha. Foi fundada por Publio Cornelio Escipión, em 206 a. C. Inicialmente foi local para onde foram destacados legionários que participaram na segunda Guerra Púnica, tornando-se o primeiro assentamento romano permanente no sul da Península Ibérica.
As famílias dos imperadores Trajano e Adriano são oriundas de Itálica.
Durante o governo do imperador Adriano (117-138 d. C.) adquire o estatuto de colónia e com o imperador Augusto são levadas a cabo importantes reformas e melhorias urbanísticas: é na época de Adriano que se constrói o gigantesco anfiteatro com 25000 lugares, para a realização de espectáculos com lutas de gladiadores e animais. Á semelhança de outros locais em Espanha recentemente foi um dos locais escolhidos para servir de cenário na série Game of Thrones.
O anfiteatro é constituído pela arena de planta oval, as bancadas e os corredores subterrâneos ("fossa bestiária"), onde ficavam as jaulas dos animais.
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Anfiteatro de Itálica |
O anfiteatro é constituído pela arena de planta oval, as bancadas e os corredores subterrâneos ("fossa bestiária"), onde ficavam as jaulas dos animais.
Depois de visitar o anfiteatro, o percurso levou-nos pelas amplas ruas desta antiga cidade, que chegou a ocupar uma superfície de 52 hectares, permitindo-nos apreciar a paisagem envolvente e conhecer as habitações daquele tempo, como a Casa dos Pássaros, com o seu detalhado mosaico.
Aqui estão representadas cerca de 33 espécies de aves diferentes.
Outros edifícios decorados com belíssimos mosaicos no solo eram o Planetário e o Edifício do Mosaico de Neptuno. No mosaico do Planetário surgem sete deuses associados a astros, bem como as etapas do percurso solar.
No Mosaico de Neptuno, este deus encontra-se rodeado por um conjunto de criaturas marinhas: golfinhos, peixes e moluscos convivem com centauros, carneiros e touros transformados em híbridos habitantes do mar.
dia 2
Aqui estão representadas cerca de 33 espécies de aves diferentes.
Outros edifícios decorados com belíssimos mosaicos no solo eram o Planetário e o Edifício do Mosaico de Neptuno. No mosaico do Planetário surgem sete deuses associados a astros, bem como as etapas do percurso solar.
No Mosaico de Neptuno, este deus encontra-se rodeado por um conjunto de criaturas marinhas: golfinhos, peixes e moluscos convivem com centauros, carneiros e touros transformados em híbridos habitantes do mar.
A meio do dia, andando sob o sol tórrido, procurámos um restaurante para almoçar. Encontrámos o Gran Venta Itálica, com mesas à sombra num pátio espaçoso.
Voltámos ao recinto das ruínas para terminar a visita. Atravessámos as amplas vias construídas aquando da reforma urbanística de Adriano, que se destinavam ao trânsito rodoviário.
Passámos ainda pelo edifício da Exedra e pelo Traianeum, ambos do tempo de Adriano.
O edifíco da Exedra, considerado edifício semipúblico, poderá ter sido sede de uma associação cultural ou desportiva. Das suas divisões fazem parte o ginásio e os banhos termais. Sobressaem as colunas do peristilo.
O Traianeum era um templo dedicado ao culto do Imperador Trajano. Começou a construir-se entre 117-138 (séc II d.C.), mas ficou incompleto. Consiste na junção do templo com um amplo recinto quadrangular, circundado por um pórtico, cuja estrutura arquitectónica é semelhante à da Biblioteca que Adriano construiu na Alexandria.
O Teatro estava fechado. Observámo-lo do alto do Cerro de Santo António.
Construído no século I d. C., aqui se representavam os géneros teatrais mais populares: as tragédias e comédias. Com 3000 lugares, obedecia ao esquema clássico, com "cavea", cenário, pórtico e orquestra.
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sopa de picadillo |
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salmorejo |
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ternera (carne de vaca) |
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tortilla |
Passámos ainda pelo edifício da Exedra e pelo Traianeum, ambos do tempo de Adriano.
O edifíco da Exedra, considerado edifício semipúblico, poderá ter sido sede de uma associação cultural ou desportiva. Das suas divisões fazem parte o ginásio e os banhos termais. Sobressaem as colunas do peristilo.
O Traianeum era um templo dedicado ao culto do Imperador Trajano. Começou a construir-se entre 117-138 (séc II d.C.), mas ficou incompleto. Consiste na junção do templo com um amplo recinto quadrangular, circundado por um pórtico, cuja estrutura arquitectónica é semelhante à da Biblioteca que Adriano construiu na Alexandria.
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escultura de Adriano |
Para visitar o Teatro e as Termas Menores, tivemos de caminhar até ao centro urbano de Santiponce.
O Teatro estava fechado. Observámo-lo do alto do Cerro de Santo António.
Construído no século I d. C., aqui se representavam os géneros teatrais mais populares: as tragédias e comédias. Com 3000 lugares, obedecia ao esquema clássico, com "cavea", cenário, pórtico e orquestra.
Numa discreta zona residencial do centro de Santiponce surgem as Termas Menores, do tempo de Trajano (98-117). Os habitantes de Itálica dirigiam-se aqui para receberam massagens, fazer exercício ou tomar banhos reconfortantes, mas também para se reunirem e conversarem sobre assuntos tão diversos como negócios e literatura.
Arquitectonicamente, este Mosteiro reúne vários estilos,com destaque para o mudéjar. Algumas salas, como a Sacristia, são inspiradas no El Escorial. A obra mais importante é o retablo de Juán Martínez Montañés. Aqui podemos ver pinturas com motivos geométricos mudéjares:
O espectáculo de dança, intitulado Offlimits, pela companhia Laguilda Obscénica, decorreu a céu aberto, no Claustro de los Muertos. O tema era a bomba atómica de Hiroshima e combinava dança contemporânea e flamenco. A coreografia era acompanhada por música ao vivo e um vídeo com cenas de Hiroshima, que passava num ecrã gigante.
Quando o espectáculo terminou a lua já ia alta. Era noite de lua cheia, uma noite clara. Atravessámos Santiponce, agora animado por jovens nas esplanadas de bares e restaurantes. Já era tarde para nós. Caminhámos rapidamente para o carro e iniciámos o nosso regresso a casa.
Nestes vestígios conseguimos distinguir o caldarium, o tepidarium e o frigidarium.
Entretanto, durante o dia, tínhamos encontrado um folheto com a programação de um festival de dança no Monasterio de San Isidoro del Campo. Resolvemos ir.
Este mosteiro foi fundado em 1301 e edificado sobre uma ermida moçárabe. Foi ocupado pelos monjes Bernardos Cistercienses até 1431 que, a partir de 1568, foram substituidos pela Ordem dos Jerónimos.
Em 1603, as águas do Río Guadalquivir inundaram a antiga localidade de Santiponce, que se situava numa zona mais baixa. Então, o prior do Mosteiro concedeu aos habitantes desalojados umas terras que ficavam num local mais elevado, onde fundaram a nova Santiponce, sobre as ruínas de Itálica.
Nesta altura houve vários pilhagens nas ruínas.
Arquitectonicamente, este Mosteiro reúne vários estilos,com destaque para o mudéjar. Algumas salas, como a Sacristia, são inspiradas no El Escorial. A obra mais importante é o retablo de Juán Martínez Montañés. Aqui podemos ver pinturas com motivos geométricos mudéjares:
O espectáculo de dança, intitulado Offlimits, pela companhia Laguilda Obscénica, decorreu a céu aberto, no Claustro de los Muertos. O tema era a bomba atómica de Hiroshima e combinava dança contemporânea e flamenco. A coreografia era acompanhada por música ao vivo e um vídeo com cenas de Hiroshima, que passava num ecrã gigante.
Quando o espectáculo terminou a lua já ia alta. Era noite de lua cheia, uma noite clara. Atravessámos Santiponce, agora animado por jovens nas esplanadas de bares e restaurantes. Já era tarde para nós. Caminhámos rapidamente para o carro e iniciámos o nosso regresso a casa.
vídeos:
dia 1
dia 2
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