domingo, 29 de novembro de 2015

Fuseta - Estiramantens : ida e volta de bicicleta

O ponto de partida deste percurso é o Largo da Igreja de Nª Srª do Carmo, na Fuseta. Esta igreja tem uma característica particular: a torre, para além de anunciar as horas, também possui um farol, que orienta o regresso dos pescadores a casa. Este farol extravasa a sua função meramente náutica, por estar implantado num templo religioso. Para além de encaminhar os pescadores para casa, também estabelece uma ligação com a terra e com o divino.
Rumamos a Norte, até alcançarmos a faixa rural intermédia que atravessa longitudinalmente o Algarve - o Barrocal.
Para lá dos pomares vicejantes de Moncarapacho, com um piscar de olhos à serra, fica Stª Catarina da Fonte do Bispo.





Aqui alguns oleiros ainda resistem em oficinas térreas com chaminés proeminentes.

A Igreja Matriz do séc. XVI alberga uma imagem de Nª Srª da Graça.



Prosseguindo para Este, percorremos um território marcadamente agrícola, ladeando noras, eiras e lagares.



Pouco a pouco, alcançamos o Vale da Ribeira da Asseca, ao longo do qual desfrutamos de uma agradável descida, sendo visível nos valados da estrada curiosas formas resultantes da erosão do calcário (lapiás).
Na aproximação à Ribeira, viramos para Sul. A pitoresca povoação de Stº Estêvão acolhe-nos com platibandas coloridas e cafés onde podemos contactar com a genuinidade e simpatia das pessoas locais.







Dois dedos de conversa e rapidamente tomamos conhecimento do desaparecimento de Zézinho de Beja, bem como do espólio da sua casa-museu (Casa Museu do Monte da Guerreira) que, no passado, permitia ao visitante conhecer uma típica quinta algarvia. Nos portões da Quinta da Guerreira já não há resposta à inaudível campainha.



Alguns metros à frente, Estiramantens estira-se pela paisagem agrícola. Algumas casas apresentam curiosas ilustrações nas fachadas.






É tarde, o sol já se pôs, pelo que nos encaminhamos para a Fuseta. 
Por entre campos de citrinos e alfarrobeiras, alcançamos as salinas que anunciam a nossa chegada a casa.




domingo, 22 de novembro de 2015

Algarve Cársico II - Percurso Pedestre "Varandas sobre o Mar"

Antes de começarmos, tomámos o pequeno-almoço numa esplanada sobranceira à praia do Vau, de onde tivemos uma primeira perspectiva das arribas.


O percurso tem início num caminho que percorre o topo de uma falésia que remonta ao período miocénico.


Ladeando sebes e muros deslocamo-nos para Oeste, acompanhando a praia e alcançando um primeiro vislumbre sobre a Ponta de João Arens, com leixões, arcos e grutas.







Após atravessarmos um pequeno vale, entramos numa zona onde predomina o pinheiro manso e que desemboca na referida ponta. Aqui, podemos ver corvos marinhos que nidificam sobre os leixões e andorinhões reais sobrevoando as falésias.







A partir deste ponto começa a parte mais acidentada do percurso, com vales encaixados e encostas íngremes. É necessário algum cuidado para não escorregar.








Por fim, já junto à Quinta dos Arcos, prosseguimos por uma área de vegetação mediterrânica conhecida como zimbral - associação vegetal constituída por zimbro e carrasco - com belas panorâmicas sobre a Serra de Monchique.

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Mais à frente, o caminho entronca no percurso inicial junto à Ponta de João Arens, de onde regressámos para a Praia do Vau.


Aqui assistimos a um deslumbrante sunset, numa esplanada sobre o topo Este da praia.








sábado, 21 de novembro de 2015

Algarve Cársico I


Na orla costeira entre a Quinta da Rocha e Armação de Pêra aflora um maciço de rochas carbonatadas que conferem características singulares à paisagem.

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Sendo constituídas por carbonato de cálcio, estas rochas são muito vulneráveis à chuva – com grau de acidez cada vez mais elevado devido ao dióxido de carbono presente na atmosfera – bem como à água salgada das ondas.

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Da conjugação destes factores de erosão, ocorrem grutas marinhas e fissuras que se vão alargando, progredindo até ao nível do mar, até formarem algares.

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Ao nível da costa, os diferentes graus de densidade das rochas dão lugar a arcos e leixões, como resultado do desaparecimento das zonas de rocha mais vulneráveis, dando lugar a uma paisagem rendilhada e entrecortada, única no litoral português.

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Devido à grande velocidade de erosão da costa, que pode alcançar os 2m por ano, o recuo do litoral  é por vezes superior ao entalhe das linhas de água nos seus vales, fazendo com que as ribeiras desagúem desniveladamente em relação ao mar, terminando como que numa varanda (vale suspenso).

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mais fotos: aqui

mais sobre este percurso aqui




quinta-feira, 19 de novembro de 2015

percurso de interpretação da Praia Grande

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O percurso começa numa zona de campos agrícolas de sequeiro, onde abundam as alfarrobeiras, amendoeiras e figueiras.


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Moinhos e celeiros em ruínas são testemunhas de uma actividade agrícola intensa no passado.
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Atravessamos os campos agrícolas em direcção à sombra de um pinhal situado sobre uma arriba fóssil, onde encontramos espécies características do subcoberto deste habitat
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uma dessas espécies é a palmeira-anã.
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Mesmo ao lado, o sapal da ribeira de Alcantarilha é um refúgio para várias comunidades vegetais: juncal, halófilos (plantas que necessitam de um elevado grau de humidade e acidez para sobreviver) e prados salgados, dominados pela spartina-densiflora.


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Estas comunidades vegetais são frequentadas por aves limícolas, como o pernilongo e os patos.
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Mais à frente encontramos o cordão dunar, que se estende da foz da ribeira de Alcantarilha até à barra da Lagoa dos Salgados.
Trata-se de um habitat muito rico em plantas, cuja ocorrência varia conforme o grau de mobilidade das areias, salinidade e exposição aos ventos.

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Aqui conseguimos observar : 

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o cravo das areias
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o estorno
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o cardo rolador


Prosseguimos por um caminho que ladeia a norte a duna, até chegarmos ao passadiço que contorna a margem sul da Lagoa dos Salgados, por entre juncais e caniçais.

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Depois de uma breve paragem num miradouro onde observámos galeirões e patos, chegamos à foz da ribeira de Espiche.

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patos
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galeirão


A barra só abre em ocasiões de grande pluviosidade, infiltrando-se o leito da  ribeira nas areias da berma.

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Caminhámos pela praia em direcção ao sol poente, seguindo as passadas de um pilrito.


Após uma última travessia da duna, continuámos rumo a norte, pela margem da Lagoa dos Salgados, onde mais uma vez trocámos olhares com a avifauna local, desta vez, nos seus hábitos crepusculares.

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Descobrimos mais um ponto de observação, de onde distinguimos garças, pernilongos e um caimão.

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garça
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pernilongo


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caimão

Reparámos ainda que junto ao banco onde nos sentámos crescia uma das espécies referidas no guia : a eruca sativa.

Na fase final do percurso atravessámos tufos de melgas que despertaram em nós o apetite pelo jantar que saciámos na vizinha Armação de Pêra. :)


9/05/2015


ver também:

guia de campo

descrição do percurso

albúm Praia Grande