domingo, 20 de dezembro de 2015

de Conceição de Tavira a Manta Rota


Mapa do Percurso:




A partida deste percurso é na estação da CP de Conceição de Tavira. O comboio é um meio cómodo para transportar as bicicletas, uma vez que a linha do Algarve une os principais centros urbanos do Sotavento Algarvio.



A primeira secção do percurso inicia-se por uma agradável descida através do caminho da canada, que nos leva até Cabanas de Tavira, um centro piscatório, com barcos coloridos no porto e, na zona  ribeirinha, muitos bares e restaurantes frequentados por residentes e turistas de várias nacionalidades.




No lado Este da aldeia, podemos fazer um curto passeio pela área envolvente ao núcleo urbano, aproveitando para visitar o Forte de S. João da Barra, circundado por um caminho de terra batida que ladeia campos de agricultura de sequeiro e permite descobrir as ruinas de uma nora tradicional.







Visitada a vila, prosseguimos pela ecovia por um caminho verdejante, que tem a particularidade de preservar, nos taludes, carvalhos cerquinhos centenários, testemunhos da antiga floresta Laurissilva, onde, em tempos, um esquilo poderia viajar, saltando de ramo em ramo, do Minho ao Algarve.


Para almoçar, sugerimos um desvio ao lugar de Fábrica, onde há um bom restaurante de peixe e marisco.




De seguida, é possível caminhar por entre os pequenos barcos de pescadores na praia sobranceira ao restaurante, e de onde se avista Cacela-a-Velha, o próximo destino.


Trata-se de uma pequena povoação cuja ocupação remonta, pelo menos, à época romana, mas cujo assoreamento da Ribeira de Pedra Alva, bem como a formação do cordão de dunas da Ria Formosa ditou o seu afastamento do mar e a progressiva redução da população. 
Embora em 1283 o Rei D. Dinis tenha outorgado foral à vila, hoje Cacela não é mais do que uma aldeia integrada na freguesia de Vila Nova de Cacela (situada a Norte), onde é possível encontrar um deslumbrante miradouro sobre o extremo Este do Parque Natural da Ria Formosa, uma igreja de fachada renascentista - normalmente fechada - e um forte do séc. XVIII, ainda ocupado pela GNR.






A parte final do percurso decorre por alcatrão até à Praia da Manta Rota. Na pacata aldeia ainda é possível vislumbrar vestígios do seu passado piscatório.





A pesca na região, para lá da Ria Formosa, tinha como obstáculo, entre os núcleos urbanos e o mar, um cordão de duna com vários quilómetros de comprimento.
Assim nasceu a arte da xávega, que consistia em as redes serem puxadas por um barco a partir da praia e, em seguida, serem recolhidas a braços.
Hoje em dia, perante a escassez de sardinha e atum nos mares do Algarve, esta arte é proibida. No entanto, Manta Rota encontrou um novo rumo, desenvolvendo actividades ligadas ao turismo.


sábado, 12 de dezembro de 2015

Pelos pomares e salinas do Sotavento


Mapa do percurso:




Partindo da Igreja de Nª Srª do Carmo, na Fuseta, dirigimo-nos durante algum tempo para Norte, até sairmos do troço urbano da ecovia e entrarmos numa área de salinas. Este é um local onde aves como pilritos, pernilongos, flamingos cinzentos, garajaus e chilretas encontram alimento e refúgio.




Seguimos pela ecovia até ao lugar do Livramento, onde encontramos um curioso exemplar de arquitectura barroca: a Ermida de N.ª Sr.ª do Livramento, templo do séc. XVIII. O altar possui vários tipos de mármore do Algarve, com diversas cores e é enquadrado por colunas salomónicas. Nas paredes laterais, duas pedras tumulares com brasões eclesiásticos.


Continuamos na ecovia do litoral até Luz de Tavira, freguesia que se estende ao longo da EN 125. Algumas casas apresentam platibandas com ricos trabalhos em argamassa, predominando os motivos geométricos e vegetalistas.







A igreja matriz apresenta um portal do renascimento. Este é o único exemplar quinhentista de igreja-salão (ou hallenkirchen) no Algarve.





Passamos seguidamente pela zona onde se localiza a Cidade Romana de Balsa que, por se encontrar em terreno privado, não tem sido devidamente estudada nem preservada. Também não está aberta ao público.
«Com possível origem num povoado indígena como o nome revela, Balsa foi importante cidade romana desde o tempo de Júlio César ou de Augusto (séc. I a.C.). Seguramente habitada até ao séc. VI, Balsa veio a ser abandonada em época ainda não definida. Localizada nas Quintas de Torre de Ares e das Antas (próximas de Pedras D'El Rei), frente à Ria Formosa e ao mar, a cidade de Balsa foi objecto de escavações de sondagem no final do séc. XIX e neste séc., que produziram valioso espólio guardado no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa. Balsa é, pois, um tesouro de arte e história aguardando ser revelado.»
in Mapa Turístico do Concelho de Tavira



Mais à frente, um pequeno desvio em direcção a Sul, permite conhecer a  vila de Stª Luzia, uma terra de pescadores, conhecida pelos seus pratos de polvo. O passeio pelo emaranhado de ruas empedradas permite observar aspectos pitorescos.




Almoçámos no restaurante A Gaivota dois pratos típicos do Sotavento Algarvio: a raia alhada e o polvo grelhado. E como sobremesa, um exemplar da doçaria regional: o morgado.


A esplanada fica junto à Ria e ao Porto de Pesca, proporcionando um belo cenário em dias solarengos.


Daqui, pulamos o Rio Gilão e seguimos pela estrada do Forte do Rato, virando à esquerda.





 Avançamos por uma região de paisagens muito diversificadas, como por exemplo, uma sucessão de salinas recortadas, alvas montanhas de sal, que surgem do lado direito e  um jovem palmeiral mediterrânico, do nosso lado esquerdo.







De seguida, somos surpreendidos por uma inesperada linha de água com abundante caudal - a Ribeira de Almargem - que interrompe a sucessão de salinas. Depois o caminho dá acesso a uma extensa área de duna consolidada que só acabará na reserva natural de Castro Marim.





Após uma passagem junto à ETAR de Conceição de Tavira, desembocamos na vila homónima. Aqui o desafio é atravessar uma amálgama de condomínios turísticos para encontrar a Igreja Matriz - de origem gótica - bem como recantos pitorescos de pavimento calcetado e casas térreas, pontilhadas por rosas.