domingo, 18 de junho de 2017

Moura

nas margens do Rio Ardila


Saímos de casa já a meio de uma manhã  nublada. Lembro-me de pensar que Moura ficava perto de Reguengos. Mas fica já no distrito de Beja a 50 Kms. Atravessámos a planície alentejana,  que vai mudando à medida que se avança: o terreno fica mais ondulante e os sobreiros começam a dominar a paisagem. Demorámos mais ou menos 1  hora.  Quando lá chegámos fomos logo para o Castelo.


Inesperadamente o portão que dá para a rua principal, o único que conhecíamos, estava fechado.
Quando já estávamos convencidos de que tínhamos de deixar a visita para outro dia,  aparece alguém que nos toca no braço e nos informa que há outra entrada.  Tínhamos de contornar parte da muralha e virar à direita, perto da fonte dos leões.  Assim fizemos.



No Castelo demos a volta à muralha,  parando de vez em quando para ver a vista: os telhados do casario de Moura,  a planície coberta de oliveiras,  o Rio Ardila ao fundo.

Este castelo, com origem na Idade do Ferro e mais tarde ocupado pelos árabes, foi reconstruído em 1232, após a reconquista cristã, e novamente remodelado em 1510 por  D. Manuel. As muralhas modernas são do séc. XVII, e foram construídas durante a Guerra da Restauração.


Éramos os únicos a visitar o Castelo.Vimos as ruínas que ficam no recinto ....

ruínas de construções do período islâmico (séculos XII-XIII) 

e depois subimos de novo para a muralha onde nos encontrámos com o guia que nos abriu a porta da Torre. 

Torre de Menagem


Lá dentro,  num espaço circular, iluminado na cúpula, havia uma exposição sobre armas.

é possível subir ao terraço da Torre

Ao contrário do que pensávamos não se tratava de uma visita guiada.  O guia ficou apenas connosco, enquanto víamos a exposição e tirávamos fotografias. 
Já era hora de almoço,  mas ainda passámos pela Igreja S.João Baptista  e pelo  jardim Dr. Santiago,  onde nos demorámos um pouco.

azulejos das capelas mor e laterais do séc. XVII e azulejos da Capela das Almas, representando a Prudência.

Jardim Dr. Santiago

Apetecia ficar ali a ver as tartarugas a preguiçar no lago, as flores nos canteiros , a planície a chegar ao horizonte.
Durante o almoço, no restaurante O Trilho, fomos espreitando o filme de animação Turbo que estava a dar na TV.  O restaurante estava cheio. Sobre o tilintar dos talheres ouviam-se várias variantes de português e também outras línguas.  Comemos muito bem aqui:

migas com entrecosto; bacalhau com cebolada; sericaia

A caminho do campo passámos pelas ruas mais bonitas de Moura, com flores de um lado e do outro e miúdos sentados na soleira da porta.



Conversavam,  riam muito ou simplesmente ficavam a olhar. Mais à frente uma mota interrompeu este ambiente bucólico, que reencontrámos quando começámos a caminhada que nos levou até à beira do rio Ardila.


Passámos uma ponte romana. Do outro lado esperava-nos um lindo cavalo cinza,  junto a uma oliveira.


Caminhámos calmamente sob o sol brilhante que resolveu aparecer naquela tarde de Primavera.
Atravessámos olivais imensos e a paisagem não variou muito.


Esporadicamente passavam por nós carrinhas que pareciam ser de trabalhadores do campo.  Não passaram por nós outros caminhantes. A certa altura vimos um grupo de homens no meio do olival que pareciam reunir folhas e galhos, atirando-os de seguida para uma pequena fogueira. Dois cães que estavam junto deles começaram a correr na nossa direcção.  Receámos,  porque é frequente encontrarmos cães grandes  (embora quase sempre presos) que ladram muito aos forasteiros para guardar os terrenos. Mas estes eram afáveis. Vinham ofegantes,  com a língua de fora e a abanar a cauda.  Receberam muitas festas.
Já junto à margem do Rio Ardila encontrámos a atalaia do Porto Mourão, uma antiga torre de vigia.


Sentados na relva, debaixo de uma oliveira, comemos o nosso lanche. Uma suave brisa agitava a vegetação junto à água.


Depois de ver a torre seguimos um pequeno carreiro que nos levou até ao rio.  Apesar do vento, a água deslizava silenciosa. 
Caminhámos um pouco mais à beira do rio para procurar as ruínas do antigo Porto.



Avistámo-las na outra margem. 



Regressámos ao percurso pelo carreiro pouco definido com vegetação abundante e alta. Tínhamos de alçar as pernas para avançar.
Chegámos a Moura já ao anoitecer. Apesar de algumas ruas desertas, os restaurantes e bares que espreitámos ao passar pareciam estar cheios.


Atravessámos mais uma vez as ruas floridas, agora muito iluminadas, e fomos para o carro.




mais sobre este percurso aqui





Nenhum comentário:

Postar um comentário