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Anta da Candeeira |
No mês de Novembro explorámos o concelho do Redondo, uma região que diariamente atravesso no bulício da viagem casa-trabalho-casa.
As terras e os nomes apelativos que surgiam à beira da estrada ganharam um significado e as populações e os cheiros que, de madrugada e ao anoitecer estão refugiados nas casas, saíram nestes dias à rua, ganhando rosto. Começámos por pernoitar no Convento de São Paulo, um ermitério que remonta ao séc XIII, mas que, no século XVI recebeu o Rei D. Sebastião a caminho de Alcácer Quibir.
O Convento é hoje sede da fundação Henrique Leote e alberga a maior colecção privada de azulejos do país. São centenas de metros de corredores, ladeados de azulejos azuis e brancos, que dialogam connosco e nos acompanham até à nossa cela dupla, ou seja, um quarto correspondente ao primitivo alojamento de um monge e outra correspondente à actual casa de banho.
Embora um pouco austero, permite uma acolhedora experiência ascética, especialmente reconfortante na altura do pequeno almoço.
Na galeria dos Passos Perdidos, um serviço de café presenteia-nos com tudo o que podemos desejar de manhã: sumos, fruta, torradas, queijos, geleias, café, pães, croissants, bolinhos, ovos mexidos, feijão, salsichas, iogurtes...
Este local é um óptimo ponto de partida para um percurso na Serra d'Ossa, com aproximadamente vinte quilómetros. Descendo pela quinta até ao portal junto à EN381, encontramos mais à frente um caminho à direita que dá acesso a uma passagem vicinal subterrânea que desemboca na estrada do Lagar Velho.
Iniciámos este caminho um pouco apreensivos sobre o tipo de piso e as dificuldades que nos esperavam. Contudo, o trajecto decorreu por um vale aberto por entre olivais e sobreiros, bordejando a ruína do antigo lagar, agora imbuída por um silvado.
Tivemos ainda a companhia de alguns rebanhos de ovelhas e rapidamente entrámos na Aldeia da Serra.
Fizemos uma paragem no restaurante O Chana, onde fomos recebidos com uma saudação mecânica, mas amistosa.
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cozido de grão |
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ensopado de borrego |
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licor de poejo |
Depois do almoço saímos da Aldeia da Serra em direcção ao Monte Cabaço junto do qual fica a Anta da Candeeira, famosa por possuir uma abertura na laje traseira que os locais designam por buraco da alma.
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Monte Cabaço |
vinha do Monte Cabaço |
Anta da Candeeira |
buraco da alma |
No entanto, esta singularidade terá uma origem mais terrena, remontando ao tempo em que a anta terá sido utilizada como ermitério pela comunidade monástica que se estabeleceu na Serra d'Ossa.
Continuámos, por caminhos embrenhados na Serra. Descobrimos vários montes isolados, como o Monte Abraão e o Monte da Virgem, oásis numa paisagem árida, polvilhada de eucaliptos e sobreiros.
apanha da azeitona através do varejamento da oliveira |
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Monte Abraão |
Alguns quilómetros depois, damos de caras com a Igreja do Monte da Virgem, suspensa numa pendente rochosa, um cenário inesperado. Embora a Igreja pareça estar à mão de semear, separa-nos um vale abrupto que nos obriga a deambular por mais de meia hora. Por fim alcançamos o templo, já de noite.
Por entre a escuridão tentámos vislumbrar a silhueta de um antigo ermitério de que nos tinham falado, mas apenas encontrámos "habitantes locais".
Apesar de ainda esgravatarmos por entre algumas silvas, não conseguimos descobri-lo, pelo que voltámos à Aldeia da Serra para jantar, no restaurante Serra d'Ossa.
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queijo fresco |
açorda de cação |
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encharcada |
Tentámos obter mais informações sobre o ermitério. No entanto, apenas acrescentaram que o que procuravámos era uma ruína caída no esquecimento. Por fim regressámos ao convento e adormecemos, evocando os antigos eremitas para nos ajudarem a encontrar o seu antigo ermitério.
No dia seguinte deambulámos um pouco estremunhados pelas dependências à volta do claustro em busca do pequeno almoço, aproveitando para explorar um pouco dos mistérios encerrados neste convento.
Por fim encontrámos a sala dos Passos Perdidos, onde nos aguardava mais um delicioso buffet. Não perdendo muito mais tempo, deslocámo-nos apressadamente para a Igreja do Monte da Virgem, onde tivemos a sorte de encontrar um padre.
Falámos-lhe da nossa demanda ascética e ele prontamente nos apontou na direcção de silvados e densos arbustos, alertando-nos que o que procurávamos já não tinha caminho. Porém, conseguiu distinguir uma mancha branca numa rocha, situada junto a esse antigo refúgio.
Assim, por entre estevas, silvas e alguns sobreiros abrimos caminho pelo mato, durante quase toda a manhã, até que, quando já regressávamos à Igreja, demos por nós a caminhar numa plataforma plana, que, após uma observação mais atenta, viríamos a descobrir ser o telhado do tão procurado ermitério.
Nem queríamos acreditar. Cheios de curiosidade espreitámos pela porta e descobrimos um lugar com duas divisões e frescos ainda visíveis nas paredes.
É emocionante pensar que neste local ainda permanecerá uma memória de todos os monges que elegeram a Serra d'Ossa para se recolherem. Regressámos à Igreja e iniciámos a mítica subida ao Alto de São Gens, ponto mais alto da Serra d'Ossa. Foi uma caminhada difícil, muito inclinada, no entanto, adocicada por inúmeros medronhos que ladeavam o caminho.
Falámos-lhe da nossa demanda ascética e ele prontamente nos apontou na direcção de silvados e densos arbustos, alertando-nos que o que procurávamos já não tinha caminho. Porém, conseguiu distinguir uma mancha branca numa rocha, situada junto a esse antigo refúgio.
Assim, por entre estevas, silvas e alguns sobreiros abrimos caminho pelo mato, durante quase toda a manhã, até que, quando já regressávamos à Igreja, demos por nós a caminhar numa plataforma plana, que, após uma observação mais atenta, viríamos a descobrir ser o telhado do tão procurado ermitério.
Nem queríamos acreditar. Cheios de curiosidade espreitámos pela porta e descobrimos um lugar com duas divisões e frescos ainda visíveis nas paredes.
É emocionante pensar que neste local ainda permanecerá uma memória de todos os monges que elegeram a Serra d'Ossa para se recolherem. Regressámos à Igreja e iniciámos a mítica subida ao Alto de São Gens, ponto mais alto da Serra d'Ossa. Foi uma caminhada difícil, muito inclinada, no entanto, adocicada por inúmeros medronhos que ladeavam o caminho.
Ao passar por cima do Convento de São Paulo, conseguimos vislumbrar o famoso Penedo de S. Cornelho, uma penha gigante encimada por uma cruz.
Chegámos ao cume muito cansados e algo rabujentos. Para além de uma fantástica vista sobre a planície polvilhada por aglomerados de casinhas brancas, só há a lamentar o estado de degradação em que se encontra a ermida de S. Gens, sem portas nem janelas e com frescos carcomidos pela humidade.
De regresso, descemos a ladeira rumo à estrada nacional 381 e, junto a um miradouro virado a sul, iniciámos um último périplo por uma zona de montado, na direcção da Cova do Bento. Aprendemos que se trata de um ecossistema muito frágil e que Portugal possui 35% da distribuição mundial de sobreiro, o que nos faz pensar o quão raras podem ser as coisas que nos são mais próximas e que não valorizamos.
Chegámos ao cume muito cansados e algo rabujentos. Para além de uma fantástica vista sobre a planície polvilhada por aglomerados de casinhas brancas, só há a lamentar o estado de degradação em que se encontra a ermida de S. Gens, sem portas nem janelas e com frescos carcomidos pela humidade.
De regresso, descemos a ladeira rumo à estrada nacional 381 e, junto a um miradouro virado a sul, iniciámos um último périplo por uma zona de montado, na direcção da Cova do Bento. Aprendemos que se trata de um ecossistema muito frágil e que Portugal possui 35% da distribuição mundial de sobreiro, o que nos faz pensar o quão raras podem ser as coisas que nos são mais próximas e que não valorizamos.
Reservámos um último dia para visitar a região sul do concelho do Redondo. Começámos pela aldeia de Montoito. Tomámos o pequeno almoço e deambulámos pela aldeia.
Ficámos surpreendidos por encontrar ruas tão largas e um burburinho da população não tão habitual do Alentejo raiano. Parámos num supermercado onde comprámos o afamado queijo de Montoito e explorámos o interior da sociedade recreativa.
Por último, desembocámos no largo da Igreja da Nossa Senhora da Assunção, paredes meias com o edifício da junta de freguesia, debruados a azul, fazendo conjunto com o coreto. Era um espaço muito sossegado.
Daqui partimos por uma estrada estreita em direcção à aldeia de Santa Susana. Por entre a planície surgiu de repente um castelo medieval. Ficámos muito admirados. Embora tenhamos passeado várias vezes pela região, não tínhamos visto qualquer indicação sobre a existência deste castelo, que apesar de se encontrar fechado, não deixa de surpreender.
Mais tarde descobrimos tratar-se do castelo de Valongo.
Na Aldeia de Santa Susana, estacionámos junto à Igreja, afastada cerca de um quilómetro da povoação. Foi construída sobre as ruínas de uma vila romana. Descobrimos um peso de lagar reutilizado como Relógio de Sol.
De seguida, iniciámos um percurso TT. Saímos do centro da aldeia, ladeando uma exploração com centenas de bovinos, e atravessámos um bosque de sobreiros e azinheiras, numa zona típica da paisagem alentejana.
Terminámos junto à Aldeia de Freixo, onde visitámos a Igreja, também na periferia da povoação e com vestígios arqueológicos ao lado.
Já passava da uma da tarde e era altura de procurar um restaurante para almoçar. Dirigimo-nos para o Redondo, onde rapidamente encontrámos o restaurante Porta do Sol. Aqui provámos
Após o almoço, caminhámos em direcção ao Castelo e, no lado oposto, visitámos o Museu do Barro.
Terminámos junto à Aldeia de Freixo, onde visitámos a Igreja, também na periferia da povoação e com vestígios arqueológicos ao lado.
Já passava da uma da tarde e era altura de procurar um restaurante para almoçar. Dirigimo-nos para o Redondo, onde rapidamente encontrámos o restaurante Porta do Sol. Aqui provámos
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migas com carne |
Este é o melhor museu da região. Para além de peças ilustrativas das várias técnicas seguidas pelas olarias da vila, o museu está organizado com expositores que descrevem todo o ciclo do barro, desde a apanha pelos carreteiros nos barreiros da região, até aos vários tipos de decoração que conferem ao barro do Redondo um toque singular.
Já o Museu do Vinho deixa muito a desejar, pois apesar de exibir vários instrumentos curiosos utilizados na produção do néctar divino, os textos exibidos resumem-se a excertos literários, que não possuem o carácter pedagógico necessário para descrever o acervo ao público em geral.
No recinto amuralhado visitámos a enoteca. Trata-se de um espaço muito bem reabilitado a partir do antigo celeiro do povo do séc XVI. Aqui provámos o típico vinho produzido no concelho, Porta da Ravessa, acompanhado por um carpaccio de presunto.
De seguida espreitámos a torre de menagem, que se encontrava fechada, e descemos até ao jardim municipal com um agradável lago ao centro.
Para terminar o passeio, e já de noite, procurámos pela Igreja de São Pedro, passando pela olaria Barru Pottery, onde nos indicaram o caminho da Igreja e nos contaram um pouco da vida de oleiro e do estilo desta olaria em particular, que consistia em dar um toque naturalista às colecções. Acabámos por comprar uma tigela da série natura.
Após deambular um pouco mais pelas ruas, alcançámos a Igreja de São Pedro, com uma magnífica vista nocturna sobre a vila.
Ao jantar provámos dois deliciosos pratos regionais no restaurante o Engaço. O Redondo é um concelho com um património muito rico e variado que vale a pena conhecer.
vídeos das caminhadas na Serra d'Ossa:
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talha |
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alambique |
No recinto amuralhado visitámos a enoteca. Trata-se de um espaço muito bem reabilitado a partir do antigo celeiro do povo do séc XVI. Aqui provámos o típico vinho produzido no concelho, Porta da Ravessa, acompanhado por um carpaccio de presunto.
De seguida espreitámos a torre de menagem, que se encontrava fechada, e descemos até ao jardim municipal com um agradável lago ao centro.
Para terminar o passeio, e já de noite, procurámos pela Igreja de São Pedro, passando pela olaria Barru Pottery, onde nos indicaram o caminho da Igreja e nos contaram um pouco da vida de oleiro e do estilo desta olaria em particular, que consistia em dar um toque naturalista às colecções. Acabámos por comprar uma tigela da série natura.
Após deambular um pouco mais pelas ruas, alcançámos a Igreja de São Pedro, com uma magnífica vista nocturna sobre a vila.
Ao jantar provámos dois deliciosos pratos regionais no restaurante o Engaço. O Redondo é um concelho com um património muito rico e variado que vale a pena conhecer.
açorda de cação |
polvo à lagareiro |
vídeos das caminhadas na Serra d'Ossa:
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